| Abstract: | A desinformação, embora não seja um fenômeno recente, alcançou dimensões preocupantes no ecossistema midiático atual, marcado por ampla oferta de conteúdo, sociabilidade on-line e controle de algoritmos. Ela ganhou contornos ainda mais complexos durante a pandemia da Covid-19, um período em que eventos extremos monopolizaram a atenção e confundiram a percepção pública, tornando a sociedade mais suscetível à desordem informacional. Nesse contexto, o discurso negacionista, que contesta ou nega os avanços da ciência, emergiu com mais visibilidade e engajamento. Diante disso, esta tese explora a influência da desinformação sobre o imaginário das vacinas contra a Covid-19, com foco nas conversações no X (antigo Twitter). O imaginário, sob a luz da arquetipologia durandiana, é observado através do excesso de significação que se manifesta por meio de discursos que apelam para as emoções e geram afetos sobre a vacinação no Brasil. Partimos do pressuposto de que as narrativas que circulam nas mídias sociais apresentam perspectivas que dinamizam imaginários e cristalizam afinidades. Assim, o objetivo é desvelar como essas narrativas moldam a percepção e a interpretação da sociedade sobre as vacinas, além de explorar o papel das redes sociais na internet como tecnologias que formam o imaginário. Para tal, adotamos uma abordagem que combina métodos quantitativos e qualitativos a partir da Análise de Redes Sociais (ARS), adaptada com base no método perspectivista, e da Análise de Imaginários Discursivos (AID). Na primeira etapa, identificamos três principais agrupamentos de perfis com base nos compartilhamentos de mensagens com o termo “vacina”, e selecionamos três pontos de vista distintos de cada grupo em três diferentes semanas de 2020, compondo 27 perspectivas sobre a vacinação contra a Covid-19 examinadas a partir de grafos semânticos.Na segunda etapa, realizamos a análise qualitativa de 575 posts, que destacam 43 padrões discursivos e desvelam o imaginário das vacinas. O estudo conclui que o enfrentamento à desinformação requer estratégias de (re)existência, ou seja, além da oposição direta por meio da verificação de fatos, é preciso incentivar a criação, estimular a imaginação, o lúdico e o festivo, explorando a vontade de estar-junto e o sentimento de pertencimento próprios deste período pós-moderno.
Disinformation, although not a recent phenomenon, has reached concerning dimensions in the current media ecosystem, characterized by a wide range of content, online sociality, and algorithm control. It gained even more complex contours during the Covid-19 pandemic, a period in which extreme events monopolized attention and confused public perception, making society more susceptible to informational disorder. In this context, the denialist discourse, which contests or denies the advancements of science, emerged with greater visibility and engagement. Given this, this thesis explores the influence of disinformation on the imaginary of Covid-19 vaccines, focusing on conversations on X (formerly Twitter). The imaginary, under the light of Durandian archetypology, is observed through the excess of signification manifested by discourses that appeal to emotions and generate affections regarding vaccination in Brazil. It is assumed that the narratives circulating on social media present perspectives that energize imaginaries and crystallize affinities. Thus, the aim is to unveil how these narratives shape society's perception and interpretation of vaccines, in addition to exploring the role of social networks on the internet as technologies that form the imaginary. For this purpose, an approach that combines quantitative and qualitative methods from Social Network Analysis (SNA), adapted based on the perspectivist method, and the Analysis of Discursive Imaginaries (ADI) was adopted. In the first stage, three main clusters of profiles were identified based on the sharing of messages with the term “vaccine,” and three distinct viewpoints from each group were selected over three diferente weeks of 2020, composing 27 perspectives on Covid-19 vaccination examined through semantic graphs.In the second stage, a qualitative analysis of 575 posts was conducted, highlighting 43 discursive patterns, and unveiling the imaginary of vaccines. The study concludes that confronting disinformation requires strategies of (re)existence, that is, beyond direct opposition through fact-checking, it is necessary to encourage creation, stimulate imagination, playfulness, and festivity, exploring the desire to be together and the sense of belonging characteristic of this post-modern period. |
