Violência letal e características sociodemográficas dos municípios no Rio Grande do Sul: uma análise exploratória

Abstract

Através do presente trabalho busca-se analisar os diferentes fatores socioeconômicos que podem estar relacionados com a violência letal no estado do Rio Grande do Sul. São apresentadas diferentes abordagens teóricas que relacionam os indicadores socioeconômicos com a criminalidade, bem como discutidos os resultados de trabalhos empíricos já publicados sobre o contexto brasileiro. Em seguida, são delineados os passos de realização do trabalho empírico, desde a seleção das bases de dados a serem utilizadas até as variáveis a serem analisadas. Através da análise dos dados do Censo 2010 e da base de dados do Ministério da Saúde, são traçadas correlações entre as taxas de violência letal e os fatores socioeconômicos analisados. Como resultado, destaca-se a correlação negativa entre escolaridade e taxa de homicídios, bem como a forte correlação entre a taxa de homicídios e a proporção de domicílios em que mulheres aparecem como pessoa de referência. Não foi encontrada correlação entre as variáveis de renda ou desigualdade e a taxa de homicídios, nem entre esta taxa e a variável raça. A variável urbanização se mostrou significativa em alguns dos cenários construídos, mas não significante quando introduzida a proporção de domicílios em que mulheres aparecem como pessoa de referência. Por fim, são levantadas hipóteses explicativas para cada um dos resultados encontrados.

The present work seeks to analyze the different socioeconomic factors that may be related to lethal violence in the state of Rio Grande do Sul. Different theoretical approaches that relate the socioeconomic indicators with crime are presented, as well as the results of empirical work already published about the Brazilian context. Then, the steps of the empirical work are outlined, from the selection of the databases to be used to the variables to be analyzed. Through the analysis of the 2010 Census data and the Ministry of Health database, correlations are drawn between the lethal violence rates and the socioeconomic factors analyzed. As a result, the negative correlation between schooling and homicide rate stands out, as well as the strong correlation between homicide rate and the proportion of households in which women appear as the person of reference. No correlation was found between income or inequality variables and the homicide rate, nor between this rate and the race variable. The urbanization variable was significant in some of the constructed scenarios, but not significant when the proportion of households in which women appear as the reference person was introduced. Finally, explanatory hypotheses are raised for each of the results found.