| Resumen: | Este trabalho tem como tema o jornalismo independente e a cobertura de violência de gênero. Diante da reprodução da cultura do estupro (SOUSA, 2017) e do contexto de dominação masculina (BOURDIEU, 1989), foram selecionados 21 conteúdos jornalísticos publicados no Portal Catarinas e The Intercept Brasil, ambos veículos independentes, sobre o caso da influenciadora digital Mariana Ferrer, que alegou ter sido estuprada por André Aranha em um beach club em Jurerê, Santa Catarina, no ano de 2018. A partir da seleção desses conteúdos, o presente estudo tem como objetivo analisar de que maneira os portais jornalísticos abordaram o episódio, em especial a decisão judicial que absolveu o acusado. Como base teórico-metodológica, foram utilizadas as técnicas de Pesquisa Bibliográfica (STUMPF, 2006) e Análise de Conteúdo (FONSECA JÚNIOR, 2006). Questões como assuntos abordados, tipo de conteúdo publicado, sinalização de canais de denúncia, presença de fotos da vítima, uso de fontes femininas, contextualização do episódio dentro da lógica do machismo estrutural, destaque dado para as provas do caso e para a palavra da vítima, impactos na vida da vítima (físicos, psicológicos e sociais), presença de hiperlinks para outros conteúdos relacionados e uso de fontes jurídicas compuseram as categorias de análise. Os resultados da investigação demonstraram que, ao noticiar o caso de estupro de Mari Ferrer, tanto o Portal Catarinas quanto o Intercept Brasil se propuseram a combater a perpetuação da cultura do estupro em seus conteúdos.
This work addresses independent journalism and the coverage of gender violence. Motivated by the rise of the rape culture (SOUSA, 2017) and thecontext of male domination (BOURDIEU, 1989), we analyze how two independent journalistic portals approached the case of Mariana Ferrer, a digital influencer who claimed having been raped by André Aranha at a beach club in Jurerê, Santa Catarina (Brazil). To develop our study, we selected 21 pieces of journalistic content published on Portal Catarinas and The Intercept Brasil. This study compares how these journalistic portals approached this episode, particularly the court decision that acquitted the accused. The main theoretical foundations for this study are Bibliographic Research (STUMPF, 2006) and Content Analysis (FONSECA JÚNIOR, 2006) techniques. The categories of analysis encompassed questions such as topics covered, type of content published, signaling channels of complaint, presence of photos of the victim, use of female sources, contextualization of the episode within the logic of structural male chauvinism, the importance given to pieces of evidence about the case compared to the victim's claims, impact on the victim's life (physical, psychological and social), presence of hyperlinks to other related content and use of legal sources. The research results demonstrate that, in the case of Mari Ferrer, both news outlets were engaged in developing content against the perpetuation of rape culture. |
