| Resumen: | A relação entre a Arqueologia e a Modernidade representa um campo de pesquisa em expansão, com o objetivo de compreender a configuração do pensamento arqueológico. Alinhada a essa perspectiva, a tese realiza uma análise crítica do conceito de Cultura Material, reconhecendo sua posição central e naturalizada no discurso arqueológico. Nesse contexto, a atenção contemporânea aos objetos nas ciências humanas e sociais é percebida como uma oportunidade para uma reflexão mais profunda sobre a natureza da Arqueologia, mas também para integrar a Arqueologia a essas discussões. A crítica à Cultura Material surge ao identificá-la como uma derivação intrínseca da dicotomia Cultura/Natureza. Essas estruturas, fundamentadas em um idealismo epistemológico, refletem uma racionalização característica da modernidade, frequentemente adotando posturas hierarquizantes a partir de dualismos e moldando dinâmicas sociais cotidianas. Nesse cenário, a Arqueologia parece assumir uma postura paradoxal, definindo-se como uma ciência que investiga o material, localizado no polo inferior de sua relação, e reconhecendo-o, por conseguinte, como um meio, um fenômeno vetorial e residual do que verdadeiramente importa: a Cultura. A proposta de uma abordagem realista ganha destaque nessa tese, buscando proporcionar uma compreensão mais abrangente do objeto da Arqueologia e confrontar as estruturas dicotômicas presentes na disciplina, particularmente no que diz respeito à Cultura Material.
The relationship between Archaeology and Modernity represents an expanding field of research aimed at understanding the configuration of archaeological thought. Aligned with this perspective, the thesis undertakes a critical analysis of the concept of Material Culture, recognizing its central and naturalized position in archaeological discourse. In this context, contemporary attention to objects in the humanities and social sciences is perceived as an opportunity for a deeper reflection on the nature of Archaeology and for integrating Archaeology into these discussions. The critique of Material Culture arises when identifying it as an intrinsic derivation of the Culture/Nature dichotomy. These structures, grounded in epistemological idealism, reflect a characteristic rationalization of modernity, often adopting hierarchizing stances based on dualisms and shaping everyday social dynamics. In this scenario, Archaeology seems to adopt a paradoxical stance, defining itself as a science that investigates the material, located in the lower pole of its relationship, and recognizing it, consequently, as a means, a vectorial and residual phenomenon of what truly matters: Culture. The proposal of a realistic approach stands out in this thesis, seeking to provide a more comprehensive understanding of the object of Archaeology and to confront the dichotomous structures present in the discipline, particularly concerning Material Culture. |
