| Abstract: | Nessa pesquisa social interpretativa, investigo a experiência concreta de um sistema de economia solidária chamado banco de tempo (BDT). Trata-se, normalmente, de um clube de trocas de serviços onde usuários realizam as transações por intermédio de uma moeda utilizável somente pelo sistema do BDT, chamada de crédito-hora. Uma hora de serviço prestado custa um crédito-hora. Em geral, administradores são necessários para gerenciarem os saldos das contas dos membros e as transações entre eles. Empregando o método narrativo biográfico de Gabriele Rosenthal, analiso aqui a biografia de Antônio, um administrador do banco de tempo de Porto Alegre, RS (BDT-POA), que esteve em atividade entre 2017 e 2019 por meio de um grupo no Facebook. A análise identificou os processos interpretativos e o padrão de conduta que o participante de pesquisa desenvolveu ao longo de sua trajetória e que influenciaram sua experiência relativa ao BDT-POA. Mais especificamente, baseando-me na entrevista narrativa biográfica que conduzi com Antônio em agosto de 2021 e nos dados que pude coletar da internet (principalmente de sites de redes sociais), identifiquei um papel de reconciliador nele que foi fundamental para compreender sua experiência subjetiva como administrador do BDT-POA. Assim, ficou claro que o tipo de “administrador centralizador ambicioso”, como o chamei, que Antônio se tornou foi resultado de um processo de construção social que data desde sua infância e que sufocou outras visões de para o BDT-POA, menos ambiciosas, que poderiam ter resultado numa organização mais duradoura. As razões para isso são discutidas. Na conclusão, recomendo que BDTs comecem com um grupo pequeno, mas dedicado, onde a responsabilidade de administrador é compartilhada por todos ou quase todos e que haja um consenso dentre esses membros fundadores a respeito das expectativas de todos para o BDT.
In this interpretive social research, I investigate the concrete experience of a solidarity economy system called time bank (TB). It is usually a service exchange club where users carry out transactions using a currency that can only be used within the TB system, called credit-hour. One hour of service costs one credit-hour. In general, administrators are required to manage the member account balances and the transactions between members. Employing Gabriele Rosenthal’s biographical narrative method, I analyze the biography of Antônio, an administrator of TB Porto Alegre, RS (TB-POA), which was active between 2017 and 2019 through a Facebook group. The analysis identified the interpretive processes and the pattern of conduct that the research participant developed throughout his life trajectory and that influenced his experience of the BDT-POA. More specifically, based on the biographical narrative interview I conducted with Antônio in August 2021 and on the data I was able to collect from the internet (mainly from social networks), I identified a role of reconciler in him that was fundamental to understand his subjective experience as a TB-POA administrator. Moreover, it became clear that the type of “ambitious centralizing administrator”, as I called him, that Antônio became was the result of a process of social construction that dates back to his childhood and that stifled other, less ambitious, visions for the TB-POA, that could have resulted in a more enduring organization. The reasons why are discussed. In the conclusion, I recommend that TBs should start with a small but dedicated group, where the administrative responsibility is shared by all or nearly all and where there is a consensus among these founding members regarding everyone's expectations for the TB. |
