Tudo bem não ser normal: o processo de identificação e internalização dos fãs de K-Dramas no streaming Netflix

Abstract

Esta monografia apresenta como principal objetivo esclarecer as relações entre o processo de identificação e o consumo de fãs, mais especificamente o fandom de dramas coreanos, e as representações nas produções disponibilizadas em canais de streaming, como a Netflix. Utilizou-se da experiência de espectadores do K-Drama It's Okay To Not Be Okay (tvN, 2020), esta pesquisa explora a cultura de fã e seu processo de internalização, a importação das produções advindas da Coréia do Sul e a dinâmica de abordagem de clichês e de tabus sociais, tais como, papéis de gênero e saúde. A averiguação destes elementos se deu através de autores tais como, Stuart Hall (2005), Zygmunt Bauman (2005), Henry Jenkins (2006, 2008 e 2015), Daniela Monteiro (2018) e Shuling Huang (2011). Desenvolvida com caráter exploratório e qualitativo, a monografia utilizou de revisão bibliográfica e documental, seis entrevistas em profundidade e análise de caso com três objetos: (1)as posições da coleção de livros no ranking de mais vendidos na plataforma de e-commerce Amazon, (2)os comentários no post informativo da indicação do drama para o Emmy Internacional 2021 no perfil da mídia social Instagram e (3)as interações no vídeo de review patrocinado sobre a coleção de livros no canal Belle Hendges na plataforma Youtube. Por meio deste percurso metodológico, distingue-se o caráter emocional de conexão e identificação por parte dos fãs, de forma que, não se trata apenas do consumo da produção e de elementos derivados, mas do processo de internalização, de se sentir parte daquele universo. A internalização não permeia apenas o formato de K-Dramas, mas estende-se para a culinária, moda, cosméticos, tecnologia, idioma e até mesmo o estilo de vida da cultura sul-coreana.

The main objective of this monograph is to clarify the relationship between the fans identification and consumption processes, more specifically the fandom of Korean dramas, and the representations in the productions made available on streaming channels, such as Netflix. Using the spectator experience of K-Drama ‘It's Okay To Not Be Okay’, this research explores fan culture and its internalization process, the import of productions from South Korea and the dynamics of approaching clichés and social taboos, such as gender roles and mental health. The investigation of these elements took place through authors such as Stuart Hall (2005), Zygmunt Bauman (2005), Henry Jenkins (2006, 2008 and 2015), Daniela Monteiro (2018) and Shuling Huang (2011). Developed with an exploratory and qualitative character, the monograph used a bibliographic and documentary review, six in-depth interviews and a three objects case analysis: the best seller ranking position of the book’s collection at Amazon’s e-commerce platform, the comments on Instagram’s informative post for the 2021 International Emmy drama nomination, and the interactions in the sponsored review video about the book collection on the Belle Hendges channel, on Youtube’s platform. Through this methodological path, the emotional character of connection and identification on the fans side is distinguished, so that it is not just about the consumption of the production and derived elements, but the process of internalization and feeling part of that universe. Internalization not only permeates the K-Dramas format, but extends to the cuisine, fashion, cosmetics, technology, language and even the lifestyle of South Korean culture.