O jornalismo enquanto negócio e os nativos digitais: uma análise dos modelos de negócio do Jota, da Lupa e do Nexo jornal

Abstract

O jornalismo viveu seu auge comercial no século XX, com um modelo de negócio baseado na publicidade. Os meios digitais, entretanto, impactaram as formas de consumo e distribuição de informação, resultando na crise deste modelo. Mas as mudanças que reconfiguraram o mercado também impulsionaram o surgimento de iniciativas jornalísticas nativas digitais no século XXI. Considerando esse contexto, o presente trabalho tem como problema de pesquisa: como os empreendimentos jornalísticos brasileiros nativos digitais ditos independentes JOTA, Lupa e Nexo Jornal construíram seus modelos de negócio e quais estratégias adotadas se mostraram mais eficientes e relevantes para a sua sustentabilidade? Para responder a essa questão, foi utilizada a metodologia do estudo de caso, com apoio em pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas. O estudo valeu-se ainda da ferramenta Business Model Canvas, de Osterwalder e Pigneur (2011) para construir os modelos de negócio dos veículos estudados e compará-los. O embasamento teórico deste estudo teve como principais referências Traquina (2002); Mesquita (2005); Osterwalder e Pigneur (2011); Mierzejewska (2014); Deleuze e Witschge (2018); Christofoletti (2019); Costa et. al (2021) e Souza Silva e Becker (2022), enquanto a análise apoiou-se principalmente nas produções de Spagnuolo (2016) Viri e Samor (2018), Ventura (2018), Farias; Sousa e Rodrigues (2018), Vieira (2019), NativoJor (2019), Padoa e Nunes, (2020), Dourado e Alencar (2020). Como principais conclusões, a pesquisa constatou que os três casos analisados se aproximam da lógica de modelo de negócio Freemium, sendo as estratégias mais relevantes para a sustentabilidade a combinação da entrega de conteúdo qualificado e Serviços de Valor Adicionado e diversificação das fontes de receita, com especial participação dos subsídios, fundos e investimentos de organizações públicas e privadas.

Journalism experienced its commercial peak in the 20th century, with a business model based on advertising. Digital media, however, impacted the forms of consumption and distribution of information, resulting in the crisis of this model. But the changes that reconfigured the market also boosted the emergence of digital native journalistic initiatives in the 21st century. Considering this context, the present work has the following research problem: how did the so-called independent digital native Brazilian journalistic enterprises JOTA, Lupa and Nexo Jornal build their business models and which strategies adopted proved to be more efficient and relevant to their sustainability? To answer this question, the case study methodology was used, supported by bibliographical and documentary research and interviews. The study also used the Business Model Canvas tool, by Osterwalder and Pigneur (2011) to build the business models of the vehicles studied and compare them. The theoretical basis of this study was based on Traquina (2002); Mesquita (2005); Osterwalder and Pigneur (2011); Mierzejewska (2014); Deleuze and Witschge (2018); Christofoletti (2019); Costa et. al (2021) and Souza Silva and Becker (2022), while the analysis was mainly based on the productions of Spagnuolo (2016) Viri e Samor (2018), Ventura (2018), Farias; Sousa and Rodrigues (2018), Vieira (2019), NativoJor (2019), Padoa and Nunes, (2020), Dourado and Alencar (2020). As main conclusions, the research found that the three cases analyzed are close to the logic of the Freemium business model, with the most relevant strategies for sustainability being the combination of delivery of qualified content and Added Value Services and diversification of revenue sources, with special participation of subsidies, funds and investments from public and private organizations.