Adaptação transcultural do Juvenile Victimization Questionnaire R2 em amostra brasileira e mensuração de cortisol em crianças vítimas de maus tratos

Abstract

Maus tratos são as principais formas de violência na infância e considerados um problema de saúde pública mundial. O impacto desse fenômeno é conhecido através de um corpo de evidências sólidas, principalmente, sobre as suas consequências neurobiológicas, cognitivas e psicopatológicas. Entre as mais estudadas, está a desregulação do eixo Hipotalâmico-Hipofisiário-Adrenal e das concentrações do hormônio cortisol, que podem gerar diversos efeitos deletérios para o organismo das vítimas. Sabe-se também que muitos subtipos de maus tratos ocorrem simultaneamente, caracterizando a exposição a múltiplas vitimizações. Além disso, outras formas de vitimização, como violência entre pares e comunitária são de alta prevalência em diversos países. No entanto, poucos estudos enfatizam a relevância da avaliação de diferentes tipos de vitimização, através de instrumentos válidos. Da mesma forma, é escassa a literatura que investiga o papel e influência de diferentes métodos de mensuração de cortisol em crianças expostas a maus tratos. Nesse sentido, o objetivo da presente dissertação foi investigar quais as metodologias mais empregadas para mensurar cortisol em crianças vítimas de maus tratos e fazer a adaptação transcultural Juvenile Victimization Questionnaire (JVQ R2). Para tal, foi realizado um estudo teórico de revisão sistemática sobre métodos de medida de cortisol em crianças maltratadas e um empírico de adaptação transcultural e do início do exame psicométrico do JVQ-R2. A revisão encontrou uma homogeneidade de métodos restritos a amostras de saliva em estudos dos últimos 5 anos. Foram discutidas lacunas importantes sobre a mensuração de cortisol a longo prazo. A adaptação do JVQ R2 foi concluída de forma adequada, assim como os exames preliminares das propriedades psicométricas.A validação integral do instrumento com todas as suas versões para jovens e cuidadores já encontra-se em andamento.

Maltreatment is the main form of violence in childhood and considered a global public health problem. The impact of this phenomenon is known through a body of solid evidence, mainly on its neurobiological, cognitive and psychopathological consequences. Among the most studied are the deregulation of the Hypothalamic-Hypophyseal-Adrenal axis and the concentrations of the hormone cortisol, which can generate several deleterious effects for the victims. It is also known that many subtypes of maltreatment occur simultaneously, characterizing exposure to multiple victimizations. In addition, other forms of victimization, such as peer and community violence, are highly prevalent in several countries. However, few studies emphasize the relevance of assessing different types of victimization through valid instruments. Similarly, few studies investigates the role and influence of different methods of cortisol measurement in children exposed to maltreatment. In this sense, the objective of this dissertation was to investigate the most used methodologies for measuring cortisol in children victims of maltreatment and to make the transcultural adaptation of the Juvenile Victimization Questionnaire (JVQ R2). For this, a theoretical study of systematic review of methods of measurement of cortisol in abused children and an empiric of cross-cultural adaptation and the beginning of the psychometric examination of the JVQ-R2 were carried out. The review found a homogeneity of methods restricted to saliva samples in studies of the last 5 years. Important gaps have been discussed regarding long-term cortisol measurement. The adaptation of the JVQ R2 has been completed adequately, as well as preliminary examinations of psychometric properties. The full validation of the instrument with all its versions for youth and caregivers is already under way.