| Resumen: | Este trabalho analisa duas personagens femininas nas obras A mulher que escreveu a Bíblia (1999) e O ciclo das águas (1975), romances de Moacyr Scliar, os quais apresentam uma escriba, a Feia, e uma imigrante, Esther, que é obrigada a tornar-se prostituta. O estudo focaliza a condição de judeidade das personagens, através da ética da alteridade, como evocadora de uma condição outra na representação ficcional. Realizou-se o estudo literário das duas personagens de origem judaica em interface com teorias filosóficas e psicanalíticas que abordam o tema da ética, da alteridade e da judeidade. Verificou-se nesta pesquisa que a ética da alteridade está representada nestas narrativas como a capacidade de configurar uma alterjudeidade feminina, que consiste em um processo de desidentificação, o qual gravita em um espaço para além da identidade judaica. Através desse neologismo – alterjudeidade – com o qual se corre o risco de nominar nesta pesquisa, pretende-se oportunizar uma reflexão sobre a frágil condição de judeidade às quais muitos foram submetidos ao longo de décadas,
instalando-se uma estranheza que leva à alteridade.
The present work analyses two female characters from two Moacyr Scliar’s novels: The woman who wrote the Bible (1999) and The cicle of the waters (1975). The books show a writer, the Ugly, and an immigrant, Esther, who is obligated to work as a prostitute. The
study focuses on the condition of Jewishness which evokes another condition called alter- Jewishness in the ficcional representation. For that, a literary study of the two Jewish descendant characters has been done interfacing philosophical and psychoanalytical theories
that approach the ethic, otherness and Jewishness themes. The research has shown that otherness has been represented in the narratives as a way to set up a female alter-Jewishness, a disidentification process, which gravitates in a space beyond the Jewish identity. Through this neologism – alter-Jewishness – the aim of this work is to create an opportunity to reflect on the fragile condition of Jewishness that has been subjected a great amount of people for
decades, establishing an awkwardness that leads to otherness. |
