Utilize este identificador para citar ou criar um atalho para este documento: https://hdl.handle.net/10923/24430
Tipo: doctoralThesis
Título: A nacionalização de escolas teuto-brasileiras-evangélicas no sul do Brasil: entre adesões e resistências (1937-1945)
Autor(es): Figueiredo, Milene Moraes de
Orientador: Fay, Cláudia Musa
Editora: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Programa: Programa de Pós-Graduação em História
Data de Publicação: 2022
Palavras-chave: ESCOLAS ALEMÃS - RIO GRANDE DO SUL
NACIONALISMO
EDUCAÇÃO - HISTÓRIA
Resumo: O presente estudo analisa o impacto da política de nacionalização do ensino no sul do Brasil, no período estadonovista, em escolas teuto-brasileiras-evangélicas a partir do caso de duas instituições de ensino: Colégio Evangélico Alberto Torres (Lajeado), Colégio Evangélico Augusto Pestana (Ijuí). Fundadas em 1892 e 1899, respectivamente, se constituíram como instituições teuto-brasileiras-evangélicas em meio a um complexo e conflituoso processo de (re)germanização de imigrantes alemães, que se estabeleceram no sul do Brasil após a Proclamação da República, que caminhava lado a lado, com a simultânea tentativa de assimilação dos imigrantes por parte do governo brasileiro, que atingiu seu ápice no Estado Novo. As escolas tiveram suas fundações relacionadas com as Comunidades Evangélicas de seus respectivos municípios, e, posteriormente, ligaram-se ao Sínodo Riograndense, sendo até hoje escolas integrantes da Rede Sinodal. Tinham seus corpos docentes, discentes e administrativos compostos principalmente por imigrantes alemães (ou de fala alemã) e descendentes. A língua alemã, concebida como uma forma de aproximação dos evangélicosluteranos com Deus através da leitura da Bíblia, era o principal idioma utilizado no cotidiano escolar. Com a implementação da política de nacionalização do ensino, durante o Estado Novo, as escolas não puderam mais manter essa estrutura, pois tanto a língua de origem quanto os materiais didáticos em alemão foram proibidos, os diretores deveriam ser brasileiros natos, assim como os professores das disciplinas de Português, História do Brasil e Geografia, que passaram a ser consideradas disciplinas de nacionalização. As escolas passaram por grandes dificuldades nesse período, precisando efetuar uma série de mudanças para se adequar e manter suas portas abertas.Acreditando que não é possível efetuar modificações tão drásticas ainda mais forma tão brusca e rápida, questionamos quais foram as estratégias encontradas para sobreviver a esse período e se as escolas ou os sujeitos que as habitavam encontraram alguma forma de enfrentamento, desobediência ou até mesmo de resistência às políticas homogeneizadoras para não deixar totalmente de lado a língua e elementos da cultura alemã que eram partes integrantes de sua identidade institucional. O recorte temporal abrange o período de 1937 a 1945. A análise é feita a partir dos pressupostos teórico-metodológicos e História da Educação, com algumas aproximações com a História Conceitual do Político. São mobilizados como ferramentas de pesquisa os conceitos de cultura escolar e de resistência. O primeiro é trabalhado a partir das perspectivas de Dominique Julia, Escolano Benito, Viñao Frago e Justino Magalhães. Já o conceito de resistência é tomado, a partir das perspectivas de Pierre Ansart, James Scott, Jácques Sémelin, Denise Rollemberg, Pierre Laborie, Gene Sharp, Frédéric Gros, entre outros.Este teve um importante papel na definição das quatro categorias de análise utilizadas na pesquisa: adesão, enfrentamento, desobediência e resistência. As fontes analisadas compreendem principalmente documentos relativos à Cultura Empírica das escolas (documentos produzidos e/ou salvaguardados pelas instituições, tais como correspondências, relatórios de inspeção, cadernetas escolares, obras memorialísticas, entre outros), mas também são utilizados como fontes suplementares, documentos relativos a Cultura Acadêmica das escolas e do Sínodo Riograndense (artigos, trabalhos de conclusão, dissertações, teses, entre outros) e documentos da Cultura Política da Escola (legislação do período). Os resultados da pesquisa permitiram perceber que ocorreu principalmente uma demonstração de adesão a esse período, porém não foi uma adesão voluntária, mas sim uma submissão imposta em um contexto de relação de hierarquia e relação de forças desequilibrada. Também foram localizados tímidos indícios de enfrentamento, desobediências por parte dos estudantes e de resistência que se manifestou através de um discurso oculto, visando a manutenção da língua alemã. Portanto, as escolas se nacionalizaram, mas foi um processo complexo marcado por ações ambivalentes, apesar da predominância da adesão.
The present study analyzes the impact of the policy of nationalization of education in the south of Brazil, in the New State period, in German-Brazilian-Evangelical schools from the case of two educational institutions: Colégio Evangélico Alberto Torres (Lajeado), Colégio Evangélico Augusto Pestana (Ijuí). Founded in 1892 and 1899, respectively, constituted as German-Brazilian-Evangelical institutions in the midst of a complex and conflicting process of (re)Germanization of German immigrants, who settled in southern Brazil after the Proclamation of the Republic, which walked side by side, with the simultaneous attempt to assimilation of immigrants by the Brazilian government, which reached its apex in the New State. The schools had their foundations related to the Evangelical Communities of their respective municipalities, and, later, they were linked to the Riograndense Synod, being until today integral schools of the Sinodal Network. They had their faculty, students and administrative staff composed mainly of German immigrants (or German-speaking) and descendants. The German language, conceived as a way of bringing Evangelicals-Lutherans closer to God through reading the Bible, was the main language used in everyday school life. With the implementation of the policy of nationalization of education, during the New State, schools could no longer maintain this structure, as both the source language and the teaching materials in German were prohibited, the directors should be born Brazilians, as well as the teachers of Portuguese, History of Brazil and Geography, which came to be considered nationalization subjects. Schools went through great difficulties in this period, needing to make a series of changes to adapt and keep their doors open.Believing that it is not possible to make such drastic changes, even more so abruptly and quickly, we question what strategies were found to survive this period and whether the schools or the subjects who inhabited them found some form of confrontation, disobedience or even resistance. to homogenizing policies so as not to completely ignore the language and elements of German culture that were integral parts of its institutional identity. The time frame covers the period from 1937 to 1945. The analysis is based on theoretical-methodological assumptions and History of Education, with some approximations to the Conceptual History of Politics. The concepts of school culture and resistance are mobilized as research tools. The first is worked from the perspectives of Dominique Julia, Escolano Benito, Viñao Frago and Justino Magalhães. The concept of resistance is taken from the perspectives of Pierre Ansart, James Scott, Jácques Sémelin, Denise Rollemberg, Pierre Laborie, Gene Sharp, Frédéric Gros. between others. This had an important role in defining the four categories of analysis used in the research: adherence, confrontation, disobedience and resistance. The analyzed sources mainly comprise documents related to the Empirical Culture of the schools (documents produced and/or safeguarded by the institutions, such as correspondence, inspection reports, school notebooks, memorialistic works, among others), but they are also used as supplementary sources, documents related to the Academic Culture of the schools and the Riograndense Synod (articles, final works, dissertations, theses, among others) and documents of the Political Culture of the School (legislation of the period).The research results showed that there was mainly a demonstration of adherence to this period, but it was not a voluntary adherence, but a submission imposed in a context of hierarchy and unbalanced relationship of forces. There were also timid signs of confrontation, disobedience on the part of the students and resistance that manifested itself through a hidden speech, aiming at the maintenance of the German language. Therefore, schools were nationalized, but it was a complex process marked by ambivalent actions, despite the predominance of adhesion.
URI: https://hdl.handle.net/10923/24430
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